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A história das estruturas de andaime

Os andaimes são estruturas montadas para permitir o acesso a algum lugar ou para se apoiar em algum local alto e de difícil alcance. Existem diversos tipos e denominações de andaime, podendo ser constituído com diversos tipos de materiais, como aço, alumínio, madeira, entre outros.

Nos tempos atuais é muito comum o uso de sua estrutura em aço, se observarmos os modelos mais comuns: modular tubular, fachadeiro e tubo equipado (holl) eles são constituídos de colunas, barras e painéis que juntos, formam estruturas de acesso ou forrando superfícies, como uma parede por exemplo.

Porém, como surgiram essas estruturas? Quais foram as primeiras pessoas a utilizarem uma estrutura como o andaime? Saiba a história dessa maravilha a seguir.


História


As estruturas de andaimes são utilizadas pelos homens há mais de cinco milênios. Na cidade de Tebas, no Egito, foram encontradas pinturas em um túmulo que remetem a utilização de andaimes para facilitar a construção de obeliscos. Segundo o historiador Herótodo, a primeira pirâmide foi construída em degraus, como uma escada. As pedras que foram utilizadas na construção das pirâmides foram levantadas por meio de um pequeno andaime de madeira. Desta forma, elas foram erguidas da terra para o primeiro “degrau da escada”; lá elas foram colocadas em outro andaime, com o qual foram levantadas para o segundo degrau, e assim por diante. O acabamento foi iniciado na direção inversa, do topo até o nível mais baixo.





Enquanto isso, em torno de 200 a.C, foi realizada a obra da muralha da China e os trabalhadores se utilizaram de andaimes de bambu para alcançar locais de difícil acesso. O bambu é um material leve, porém, suficientemente forte para suportar o peso dos trabalhadores e dos seus equipamentos. Devido seu peso e durabilidade, os trabalhadores conseguiam realizar a montagem dos andaimes sem necessidade de nenhum maquinário o que conferia maior grau de autonomia aos serviços. Apesar de os andaimes de metal serem comuns atualmente no país, os andaimes de bambu ainda são amplamente utilizados em algumas regiões.

No século XX, os andaimes sofreram mudanças nos materiais utilizados pois, viu-se no aço uma melhor solução para as estruturas. No ano de 1906, os irmãos Daniel Palmer-Jones e David Henry-Jones criaram uma empresa especializada na fabricação de andaimes. Em 1919, eles introduziram o scaffixer – um conjunto de fixações que servia para segurar pedaços de madeira ou de metal, de uma maneira mais segura do que as tradicionais fixações com corda. Após alguns serviços prestados eles receberam a oportunidade de trabalhar na reconstrução do Palácio de Buckingham em 1913, o que garantiu a consolidação do sucesso de sua invenção.

Na Europa, algumas empresas continuaram com sucesso a história das estruturas tubulares em aço como, por exemplo, a Echafaudages Tubulaires Mills. Em 1939, os engenheiros Théodore Coppel e Jacques Coulon criaram em sociedade a empresa que viria a ser referência mundial na área. Em 1946, a empresa participou na reconstrução do pós-guerra utilizando somente seus tubos e braçadeiras. No ano de 1958, a empresa realizou uma obra que utilizou duzentos e oitenta quilômetros de estrutura tubular para escorar o cofre do Congresso Nacional de Informação Turística (CNIT) e, se posicionou como uma das maiores empresas 2 do mercado. Alguns anos depois, em 1961, os engenheiros fundadores da empresa uniram esforços para elaborar e publicar o livro “Echafaudages Tubulaires” que, até os dias de hoje, é referência para os cálculos de andaimes e escoramentos. Com o passar dos anos e a grandeza da empresa na França, majoritariamente as grandes obras públicas de engenharia civil, contavam com o apoio das estruturas da Mills e, em 1968, as obras para a Olimpíada de Inverno de Grenoble tiveram suas instalações esportivas construídas com a participação da empresa. Nos anos subsequentes, a empresa realizou algumas obras de destaque e expandiu suas atuações para outros países como Brasil e Japão. (MILLS, 2015)

Com o passar dos anos as soluções criadas pelos irmãos Jones chegaram ao Brasil por meio do estabelecimento de grandes empresas. Dentre elas, destaca-se a Mills, que tem grande força no território brasileiro desde 1952 quando, o romeno José Nacht, começa a importar os equipamentos tubulares da Echafaudages Tubulaires Mills na França. Antes do surgimento desta empresa as obras se utilizavam de andaimes em madeira, o que resultava em desmatamento e falta de segurança para os trabalhadores envolvidos. Pelo fato de ser a primeira empresa a utilizar no Brasil as estruturas tubulares de aço, a Mills conseguiu no ano de sua inauguração fechar contrato para realizar a obra da cúpula da Igreja da Sé em São Paulo. Ainda na década 1950, algumas obras de destaque foram realizadas pela empresa como a construção da Avenida Perimetral e o reparo do relógio da Central do Brasil, ambas no Rio de Janeiro, e as obras de infraestrutura da cidade de Brasília. Nos anos 60, a empresa conseguiu ganhar ainda mais força no mercado da construção civil brasileira e realizou obras em todo território nacional como a reconstrução dos Arcos da Lapa, obra do Maracanãzinho, Barragem de Jupiá e da Ponte Fronteira Santa Catarina. Ao final desta década, Cristian Nacht, filho do fundador, passa a atuar na equipe de administração da empresa e exerce função de liderança como Presidente do Conselho de Administração até os dias de hoje. Com o passar dos anos a empresa foi escrevendo sua história com obras de suma importância para os cidadãos como a construção da Ponte Rio-Niterói, Usina de Itaipú e Rodoanel Metropolitano de São Paulo e, também, de grandes eventos como a construção do palco do Rock in Rio II. Ao longo das décadas foram surgindo outras empresas no mesmo ramo que merecem destaque pelas obras de qualidade, inovação tecnológica e melhorias na infraestrutura das cidades como a Rohr S.A. Estruturas Tubulares, a Estub Estruturas Tubulares do Brasil S.A. e a Servicon Hunnebeck (SH) (MILLS, 2015).

Atualmente, a segurança e gestão de riscos em projetos são temas muito discutidos e tratados pelas equipes de gerenciamento de obras civis das empresas pelo fato de, segundo Gherardi et al. (1998), todos os planos, projetos e ideias humanas envolverem riscos e segurança. As literaturas de gestão de risco associada à segurança dos trabalhadores envolvem uma carga alta de planejamento e antecipação das empresas para evitar acidente e isso já é bastante realizado, majoritariamente em empresas de grande porte, por apresentarem maior maturidade em gestão de projetos. Porém, em tempos com grande competitividade no mercado de construção e vastas legislações associadas à segurança todas as empresas devem procurar se alinhar e se antever aos problemas para conseguir estabelecer seu espaço entre as concorrentes.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6494: Segurança nos andaimes. Rio de Janeiro, 1990.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8261: Tubos de aço-carbono, formado a frio, com e sem solda, de seção circular, quadrada ou retangular para usos estruturais. Rio de Janeiro, 2010.


 
Rodrigo M. Santiago é engenheiro ambiental e técnico em mecânica industrial. Possui décadas de experiência profissional em coordenação e gerenciamento de projetos estruturais, supervisão de serviços offshore e planejamento e controle de embarcações. Nosso chefe de operações aqui na Expresso Engenharia é uma pessoa motivada, alegre e mantém uma atitude positiva e proativa diante das adversidades. Está sempre gerando novas ideias e soluções inovadoras para problemas amplamente relevantes.
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